sexta-feira, 3 de julho de 2009

ÚLCERA PÉPTICA

Sinônimos e nomes populares:

Úlcera, doença ulcerosa, úlcera do estômago ou úlcera do duodeno.

O que é?

A úlcera é uma lesão do revestimento (mucosa) do esôfago, estômago ou duodeno, que é a porção inicial do intestino.

Como se desenvolve?

O estômago, intestinos e glândulas digestivas produzem substâncias que são responsáveis pela digestão dos alimentos que ingerimos, dentre elas, o ácido clorídrico e a pepsina. Durante muito tempo o entendimento desta doença foi baseado em duas crenças: "sem ácido, não há úlcera" e "uma vez ulceroso, sempre ulceroso". Com base nestes princípios a definição era de uma doença crônica de longa duração, com períodos variáveis de atividade e de acalmia e que só ocorria na presença de ácido e pepsina, portanto, somente em áreas banhadas por estas substâncias, como o estômago e duodeno.

Com o tempo descobriu-se que o ácido não era o único responsável pelo aparecimento das úlceras e que havia outros agressores. Os principais em relação à mucosa do estômago e do duodeno são a bactéria chamada Helicobacter pylori e os medicamentos antiinflamatórios e aspirina. Os mecanismos de proteção do aparelho digestivo (produção de muco e de neutralizantes) agem como uma barreira contra agentes agressores da mucosa e tem sua função muito prejudicada pelos antiinflamatórios e pelo cigarro. O fumo facilita o aparecimento da úlcera e dificulta sua cicatrização. Além disto, a úlcera péptica é resultante do desequilíbrio entre os fatores agressores e protetores.

O que se sente?

A manifestação mais comum da úlcera é a dor, tendo quatro características fundamentais, que auxiliam no diagnóstico, tais como: tipo, localização, ritmo e periodicidade. A dor, em geral, é referida como uma queimação e, às vezes, como dor de fome. Na maioria das vezes, localiza-se "na boca do estômago", podendo o paciente apontar com o dedo o ponto doloroso. A ritmicidade é entendida pelo alívio da dor com a alimentação, sendo descrita como do tipo "dói, come e passa". Outra característica marcante da dor, principalmente da úlcera duodenal, é sua ocorrência à noite, acordando o paciente durante a madrugada, quase sempre na mesma hora e que alivia com a ingestão de leite, antiácidos ou mesmo de água. É freqüente a repetição das queixas numa mesma época do ano o que é entendido como periodicidade. Outros sintomas podem ocorrer como enjôo, vômitos e plenitude (sensação de peso ou estufamento no estômago) após as refeições. A azia, apesar de não ser diretamente causada pela úlcera, está associada em muitos casos.

Pode acontecer da úlcera não causar sintomas e a primeira manifestação ser uma complicação da doença como o sangramento e a perfuração. Quando ocorre o sangramento o paciente nota fezes pretas, brilhantes, moles e particularmente mal cheirosas (melena) e/ou vômito com sangue vivo ou tipo borra de café (hematêmese).

Como o médico faz o diagnóstico?

Basicamente através das queixas do paciente e sua confirmação pela endoscopia digestiva, ou quando esta não está disponível, pelo Raio-X contrastado do Estômago e Duodeno. Outros exames são complementares ao exame endoscópico, como a retirada de um fragmento da úlcera (biópsia) para exame microscópico. Este informará o grau de inflamação nesta região, a presença do Helicobacter pylori e a natureza benigna ou maligna da úlcera, pois algumas são causadas por câncer.

Como se trata?

São utilizados antiácidos para neutralizar o excesso de ácido existente no estômago ou para inibir sua secreção. Os primeiros são representados por tradicionais pastilhas e líquidos brancos contendo sais de magnésio e alumínio, enquanto os outros são administrados através de comprimidos, cápsulas ou injeções. Esses remédios também têm a função de aliviar os sintomas. O uso de medicamentos já descritos como agressivos deve ser interrompido. Completando, trata-se de eliminar o Helicobacter pela administração associada de dois ou três antibióticos.

Como se previne?

Sabe-se que a eliminação do Helicobacter pylori com o uso de antibióticos associados a inibidores da secreção ácida resulta, na maioria dos ulcerosos, na cura da doença e que, nas pessoas nas quais a bactéria é eliminada, a taxa de recidiva, isto é, o retorno da úlcera é insignificante. Além disto, o uso indiscriminado de antiinflamatórios deve ser combatido. Quando necessários, devem ser usados com supervisão do médico, que poderá prescrever medicamentos que visam evitar a úlcera. Desestimular o fumo também constitui uma ótima atitude preventiva.

As restrições alimentares não parecem úteis na prevenção da úlcera péptica.

Perguntas que você pode fazer ao seu médico

Onde é minha úlcera?

Preciso repetir a endoscopia? Por quê?

Qual parece ter sido a causa da úlcera no meu caso?

Devo tomar os remédios por quanto tempo? E depois?

Eu tenho o Helicobacter pylori (bactéria que pode causar úlcera). Preciso fazer tratamento?

Como vou saber se o tratamento funcionou?

Minha úlcera tem relação com estresse ou nervosismo?

Devo mudar meu tipo de alimentação ou hábitos de vida por causa da úlcera?

Que tipo de remédios devo evitar?

PREVENÇÃO DO CÂNCER DE ESTÔMAGO

Sinônimo:

Prevenção de câncer gástrico.

O que é prevenção de um tipo de câncer?

Prevenir o aparecimento de um tipo de câncer é diminuir as chances de que uma pessoa desenvolva essa doença, através de ações que a afastem de fatores que propiciem o desarranjo celular que acontece nos estágios bem iniciais, quando apenas algumas poucas células estão sofrendo as agressões que podem transformá-las em malignas. São os chamados fatores de risco.

Além disso, outra forma de prevenir o aparecimento de câncer é promover ações sabidamente benéficas à saúde como um todo e que, por motivos muitas vezes desconhecidos, estão menos associadas ao aparecimento desses tumores.

Nem todos os cânceres têm esses fatores de risco e de proteção identificados e, entre os já reconhecidamente envolvidos, nem todos podem ser facilmente modificáveis, como a herança genética (história familiar), por exemplo.

Como se faz prevenção do câncer gástrico?

O tubo digestivo é composto de várias partes diferentes, começando pela boca, passando pelo esôfago, o estômago, o intestino delgado, o intestino grosso ou cólon, o reto e terminando no ânus.

O estômago é o órgão que fica na porção superior do abdômen, logo abaixo do pulmão, localizado entre o esôfago e o intestino. Com o seu formato de bolsa, ele tem a função de expor os alimentos ingeridos a substâncias que tornem esses alimentos digeríveis, como o ácido clorídrico, para serem aproveitados pelo resto do corpo como fonte de energia e de outros fatores constitutivos, como as fibras e as vitaminas. Por ser exposta a uma série de agressores através dessa ingestão, a mucosa que recobre o estômago é alvo de vários agentes químicos ou infecciosos. Quando essa agressão é repetida por vários anos pode gerar uma transformação nas células do estômago, que pode inclusive progredir para uma transformação maligna.

O estômago é composto de vários tipos de células, porém o tipo mais comum de câncer gástrico é o adenocarcinoma, que envolve as células glandulares do estômago.

Esse tipo de tumor é muito comum no mundo todo e é responsável por grande parte das mortes relacionadas à neoplasias.

Entretanto observou-se que os casos de câncer de estômago estão diminuindo no mundo e acredita-se que este declínio se deve:

às formas mais modernas de conservação de alimentos.
ao aumento da ingestão de frutas e legumes.
à diminuição da ingestão de comidas muito salgadas, principalmente, alguns tipos de carnes conservadas com sal, como o charque e a carne-de-sol.

Esse tipo de câncer também está associado a outros tipos de doenças como infecção por Helicobacter pylori e refluxo gastro-esofágico.

O câncer de estômago, como a maioria dos tipos de câncer, tem fatores de risco identificáveis (para maiores informações sobre fatores de risco para esse tipo de câncer leia o artigo "Detecção Precoce do Câncer Gástrico" nesse site).

Alguns desses fatores de risco são modificáveis, ou seja, pode-se alterar a exposição que cada pessoa tem a esse determinado fator, diminuindo a sua chance de desenvolver esse tipo de câncer.

Há também os fatores de proteção. Ou seja, fatores que, se a pessoa está exposta, a sua chance de desenvolver este tipo de câncer diminui. Entre esses fatores de proteção também há os que se podem modificar, se expondo mais a eles.

Os fatores de risco para câncer gástrico mais conhecidos e que podem ser modificados são:

Dieta

Ingerir grandes quantidades de sal ou comidas conservadas através da adição de sal está associado a um maior risco para câncer de estômago.

Além disso, pessoas que ingerem uma dieta pobre em alimentos de origem vegetal têm mais possibilidade de desenvolver esse tipo de câncer.

Logo, comer uma dieta rica em fibras e com sal em quantidades moderadas é fator de proteção para o câncer de estômago.

Essa proteção para o câncer de estômago através da dieta parece ser particularmente relacionada com a ingestão de vitamina C e beta-caroteno. Vários estudos estão sendo feitos para se confirmar o efeito benéfico de outros nutrientes, como a vitamina E e o selênio.

Independente da confirmação desses estudos, uma dieta saudável com frutas, grãos integrais, legumes e verduras é benéfica para combater diversas doenças. Por isso, inclua sempre na sua alimentação pelo menos cinco ou mais porções de frutas, legumes ou verduras por dia, incluindo sucos naturais.

Doenças associadas

Doenças como infecção por Helicobacter pylori e refluxo gastro-esofágico estão associadas a um maior risco para câncer gástrico.

Porém, ainda não está completamente estabelecido se tratar essas doenças reduz as taxas de aparecimento desse câncer e interrompe o desenvolvimento de lesões pré-malignas.

No caso de você ter uma dessas doenças, converse com o seu médico para determinar com que freqüência você deve fazer exames para pesquisar leões precursoras do câncer ou para detectá-lo precocemente.

Quanto mais cedo uma neoplasia é diagnosticada, maiores são as chances de cura.

Perguntas que você pode fazer ao seu médico

Sempre tive gastrite. Isso pode se transformar em câncer?

Fazer endoscopia com um aparelho que foi usado em uma pessoa com câncer pode ser perigoso para mim?



CÂNCER DE PULMÃO

Sinônimos:

Carcinoma brônquico, neoplasia pulmonar maligna, tumor maligno do pulmão.

O que é?

O câncer de pulmão é o mais comum dos tumores malignos, apresentando um aumento por ano de 2% na sua incidência mundial. A mortalidade por esse tumor é muito elevada e o prognóstico dessa doença está relacionado à fase em que é diagnosticada.

Como se desenvolve?

O tabagismo é o principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão. Ele é responsável por 90% dos casos desse tumor. Mais homens que mulheres desenvolvem o câncer de pulmão, mas o número de casos em mulheres está aumentando, enquanto que o número de casos em homens está caindo. O risco de morte por câncer de pulmão é 22 vezes maior entre os fumantes do que entre os não fumantes.

Essa neoplasia pulmonar pode também ser causada por químicos - arsênico, asbesto, berílio, radônio, níquel, cromo, cádmio e cloreto de vinila, principalmente encontrados no ambiente ocupacional. Outros fatores relacionados a este tumor são os dietéticos (baixo consumo de frutas e verduras), genéticos, a doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica) e a história familiar de câncer de pulmão. Às vezes, essa doença se desenvolve em indivíduos que nunca fumaram e a causa é desconhecida.

Tipos de câncer de pulmão

Existem, basicamente, dois tipos de câncer de pulmão, dependendo de como as células aparecem ao exame no microscópio:

não pequenas células e
pequenas células.

Os cânceres de não pequenas células representam 80% de todos os casos. Esses incluem o adenocarcinoma, o carcinoma de células escamosas (epidermóide) e o carcinoma de grandes células. Os não pequenas células geralmente se disseminam lentamente para outros órgãos no corpo e pode ser difícil detectá-los em estágios precoces.

Já os cânceres de pequenas células são responsáveis por 20% dos casos de câncer de pulmão. Eles se disseminam muito rapidamente nos pulmões e para outros órgãos.

O que se sente?

Existem muitos sintomas de câncer de pulmão. Entretanto, algumas vezes, os sintomas poderão se tornar óbvios apenas quando a doença estiver bem avançada.

Os sinais e sintomas de câncer de pulmão podem incluir: br>

tosse persistente ou mudança na tosse usual do fumante,
encurtamento da respiração,
escarro com sangue,
rouquidão,
dor torácica persistente ou aguda quando o indivíduo respira profundamente,
pneumonias de repetição,
sibilância.

Às vezes, as pessoas afetadas podem sentir mal-estar ou cansaço. Poderá haver também perda de peso ou apetite. Os sintomas podem ser devido à doença no pulmão, sua disseminação para os gânglios no tórax ou para outros órgãos como o cérebro, fígado, glândulas adrenais (uma de cada lado, logo acima de cada rim) ou ossos.

Como o médico faz o diagnóstico?

O surgimento de algum sintoma ou sinal de doença respiratória poderá levar o paciente a procurar um médico clínico-geral ou especialista. Esse poderá dar início a uma investigação que, usualmente, inclui uma radiografia do tórax. Através dessa, o médico poderá detectar uma lesão suspeita. Uma tomografia computadorizada ou ressonância magnética do tórax poderá detalhar mais essa lesão.

Nesse momento, o exame cito-patológico do escarro poderá ser solicitado, visto que é um exame simples que poderá confirmar a presença do câncer de pulmão. Contudo, a ausência de células malignas no escarro certamente não exclui a doença. O exame é normalmente coletado pela manhã, fazendo com que o paciente expectore num frasco de boca larga. O material é logo enviado para exame microscópico no laboratório

Existem outros procedimentos que têm o objetivo de fazer o diagnóstico da doença ou esclarecer a extensão dessa. Dentre eles estão: br>

a fibrobroncoscopia,
a punção pulmonar com agulha,
a toracocentese e
a toracotomia.

A fibrobroncoscopia é um exame em que um aparelho flexível dotado de fibras ópticas e canal de instrumentação, por onde passam pinças e escovas, é introduzido pela boca ou pela narina, chegando até o pulmão. Dentro do pulmão, é realizada uma lavagem da área da lesão (lavado brônquico) e uma pequena escova é esfregada na lesão ou próxima dessa. São feitas lâminas com o esfregaço desse material da escova. Através de pinças, são obtidos pequenos pedaços da lesão. Todo esse material obtido (lavado, escovado e biópsia brônquica) é enviado para exame no laboratório de patologia. O rendimento da fibrobroncoscopia é maior nos casos de tumores centrais - que ficam mais ao alcance do aparelho.

Outra opção para obter substrato para o diagnóstico da doença é a punção pulmonar com agulha através da parede torácica. O médico, com o auxílio de exames de imagem para guiar a punção, aspira com uma seringa conectada a uma agulha, material da lesão tumoral ou retira um pedaço de tecido da lesão através de uma agulha de corte. Esse método diagnóstico é utilizado só nos casos em que o tumor tem uma localização bem periférica. Ou seja, quando a lesão está bem próxima da parede do tórax.

A toracocentese é a retirada do líquido que fica na cavidade pleural (entre o pulmão e a parede torácica). Aspira-se esse líquido com uma seringa conectada numa agulha após uma anestesia (geralmente local). É uma alternativa para o diagnóstico, pois alguns tumores do pulmão podem se apresentar dessa forma. O líquido é enviado para o exame laboratorial.

Freqüentemente há casos cujo diagnóstico vem através da retirada cirúrgica de gânglios comprometidos pela doença - sejam eles no tórax, pescoço ou outras localizações menos habituais.

A mediastinoscopia é um procedimento cirúrgico que aborda o mediastino (região situada entre os dois pulmões) e que freqüentemente é sede para a progressão da doença. Os tumores de pulmão, na maioria das vezes, se disseminam para os gânglios linfáticos do mediastino e, depois, para outros órgãos como ossos, fígado, cérebro e glândulas adrenais. Portanto, a mediastinoscopia pode, além de confirmar o carcinoma brônquico com seu tipo histológico (tipo de tecido), auxiliar no estadiamento da doença - mostrando se já é uma doença avançada ou não. Ajuda a definir o prognóstico do paciente.

Em alguns casos, a abertura cirúrgica do tórax (toracotomia) é necessária para a confirmação do câncer de pulmão. São casos em que o paciente tem que ficar hospitalizado.

Como se trata?

Os tumores malignos do pulmão podem ser tratados com cirurgia, quimioterapia ou radioterapia. Ou, então, essas modalidades terapêuticas podem ser combinadas.

A radioterapia é freqüentemente utilizada em conjunto com a cirurgia. Há vários casos em que, ao invés de se fazer a cirurgia, a radioterapia é combinada com a quimioterapia.

A quimioterapia - tratamento com medicações que combatem os tumores - também é utilizada em conjunto com a cirurgia, seja para tornar os tumores menores, facilitando a cirurgia, seja para ajudar a destruir as células cancerosas no local do tumor.

Uma outra alternativa é a terapia fotodinâmica, em que medicações são injetadas no corpo e, posteriormente, são ativadas com o uso do laser.

O médico decidirá o tratamento de acordo com o tipo celular do tumor, seu estágio e com as condições do paciente.

Como se previne?

A única maneira eficaz de prevenir é a cessação do fumo.

Uma pessoa que nunca fumou poderá, em algum momento da vida, desenvolver um tumor maligno do pulmão. Contudo, esta situação é bem menos freqüente.

Perguntas que você pode fazer ao seu médico

Qual a prevalência de câncer de pulmão em pessoas que nunca fumaram?

O tabagismo passivo pode aumentar a chance de se desenvolver a doença?

Dentre os tumores não-pequenas células qual o mais freqüente?

O que é uma metástase?

O câncer de pulmão pode ser confundido com uma pneumonia na radiografia do tórax?

Por que motivo o câncer de pulmão pode levar à rouquidão?

A presença de derrame na pleura associado ao câncer de pulmão implica num pior prognóstico?




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Autores: Dr. Márcio Ataíde Lança

Outros artigos do autor

Título: CÂNCER DE PULMÃO - Data de Publicação : 01/11/2001 - Revisão : 30/11/2006 - Acesso : 02/07/2009 | Palavras-Chave: CÂNCER DE PULMÃO - Carninoma Brônquico , Neoplasia Pulmonar , Tumor Maligno de Pulmão , Tumor de Pequenas Células , Tumores de Pulmão , Cigarro e Câncer .


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DOENÇA DO REFLUXO GASTRO-ESOFÁGICO - DRGE

Sinônimos e nomes populares:

Esofagite de refluxo, hérnia de hiato, azia e refluxo.

O que é?

É um conjunto de queixas que acompanha alterações no esôfago resultantes do refluxo (retorno) anormal do conteúdo estomacal para o esôfago. Náuseas e vômitos não costumam ocorrer.

Como se desenvolve ou como se adquire?

O esôfago do adulto é um canal de 35 a 40 cm, que liga a boca ao estômago. Ele é elástico e na espessura de sua parede contem camadas musculares recobertas internamente por uma delicada pele com o nome de mucosa, parecida com o revestimento da boca. O início do esôfago fixa-se na parte inferior da garganta, desce pelo mediastino e cruza o diafragma através de um orifício chamado hiato, poucos centímetros antes de se abrir no estômago. O mediastino é a região entre os dois pulmões e o diafragma é uma calota muscular que divide o tórax do abdome. O esôfago tem ligamentos para prendê-lo junto ao hiato diafragmático e que contribuem para formar um tipo de válvula de retenção para impedir o refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago.

Quando o esôfago desliza para cima mais que 2 a 3 cm., puxa o estômago e ambas as estruturas se deslocam para o tórax. Decorre dessa alteração anatômica a Hérnia Hiatal que, por sua vez, prejudica a válvula anti-refluxo. Quando o conteúdo do estômago, em geral muito ácido, atinge a mucosa esofágica, este tecido reage - inflama - originando a Esofagite de Refluxo.

O que se sente?

A azia é a principal queixa e seu nome técnico é pirose. Pode piorar, por exemplo, quando se dobra o peito sobre a barriga e quando se deita com o estômago cheio. É referida como ardência ou queimação, em algum ponto entre a "boca do estômago" e o queixo, correndo por trás do esterno, o "osso do peito". A azia pode ser tão intensa como uma dor no peito, causando impressão de infarto cardíaco. Pode ocorrer também um aumento da salivação, a sialorréia, que é um reflexo natural porque a deglutição dessa saliva alivia a queimação, como se fosse um antiácido natural.

O refluxo é a percepção da volta do conteúdo estomacal no sentido da boca, sem enjôo ou vômito, freqüentemente, com azedume ou amargor. Não raro determina tosse, pigarro e alterações da voz. O engasgo - tosse forte e súbita, atrapalhando a respiração - pode despertar do sono e representar uma situação de refluxo gastro-esofágico. A ocorrência de falta de ar com chiado ou miado no peito, como a asma, pode ser desencadeada pelo refluxo.

Sensações, desde bola na garganta e desconforto ao engolir até fortes dores em aperto - espasmos - no meio do peito, representam uma desorganização das contrações faringo-esofágicas responsáveis por levarem ao estômago aquilo que ingerimos. Esses sintomas são considerados complicações do refluxo e levam o nome geral de dismotricidade esofágica.

Na criança, ainda no primeiro ano de vida, pode ocorrer um refluxo gastro-esofágico excessivo, levando à devolução da mamada, a engasgos, a choro excessivo, a sono interrompido e quando repetitivo, predispõe a infecções e distúrbios respiratórios.

Como o médico faz o diagnóstico?

O relato do paciente adulto jovem pode levar ao diagnóstico, sem necessidade de exames num primeiro evento. A radiografia da transição esofagogástrica, enquanto se deglute um contraste rádio-opaco, pode demonstrar tanto a hérnia, quanto o refluxo. A Endoscopia Digestiva Superior é um exame para visualizar o esôfago, estômago e duodeno, passando um fino feixe de fibras óticas através da boca. A evolução da qualidade dos equipamentos, da eficiência da anestesia local da garganta para evitar o reflexo do vômito e a sensação de asfixia, a eficácia e a segurança da sedação do paciente sem anestesia geral, tornaram a endoscopia um exame simplificado, do qual se acorda, não raro, perguntando quando vai ocorrer. Além disto, pode ser repetida para controle de resultado de tratamento e, mais recentemente, para procedimentos terapêuticos especiais. Uma tela recebe e amplifica com nitidez as imagens das áreas sob inspeção direta, permitindo também fotos e filmes para reexaminar os achados. Pode mostrar a incompetência da válvula de retenção gastro-esofágica e a hérnia. O mais importante é que permite ver manchas vermelhas, placas branquicentas e úlceras, principalmente na mucosa do esôfago inferior, sugestivas de graus variados da Esofagite de Refluxo. A endoscopia facilita a coleta de material destas lesões para exame microscópico, no qual se pode definir a inflamação, avaliar um potencial cancerígeno e até diagnosticar o câncer.

A Cintilografia do trânsito esôfago-gástrico é um método que tem sido usado mais na criança. Administra-se uma mamadeira normal, contendo uma quantidade inofensiva de substância radioativa. A cintilografia capta e registra imagens da radioatividade descendo para o estômago ou do estômago refluindo para o esôfago. É uma metodologia não invasiva, indolor e ambulatorial. Entretanto, pode não flagrar o refluxo, pois este não é permanente.

O estudo da pressão interna ao longo do esôfago (Manometria) e a verificação do refluxo da acidez do estômago para o esôfago (pHmetria de 24 horas) detectam variações naturais e anormalidades capazes de diagnosticar a DRGE. São métodos que chegaram à rotina clínica há relativamente poucos anos. Precisam ser usados quando os demais tem resultados insatisfatórios e para estudar parâmetros antes e depois do eventual tratamento cirúrgico da doença do refluxo.

Como se trata?

Em geral, o tratamento é clínico, com medidas educativas associadas aos medicamentos. A vídeo-laparoscopia vem facilitando o método cirúrgico, aplicado a casos selecionados, com resultados muito bons.

Além de combater a obesidade, é importante evitar grandes volumes às refeições e de deitar nas primeiras duas horas seguintes. Algumas pessoas beneficiam-se de dormir numa cama elevada pelos pés da cabeceira, em 20 a 25 cm. Outras, não se adaptam à posição: incham os pés, doem as costas, etc. Há controvérsias sobre restrição de diversos alimentos, particularmente, cítricos, doces e gordurosos. Ajudam no controle dos sintomas, algumas medidas, como: evitar a bebida alcoólica, não deglutir líquidos muito quentes, ingerir um mínimo de líquidos durante ou logo após as refeições, evitar a ingestão de chá preto e café puro com estômago vazio.

Os medicamentos mais usados são os que diminuem o grau da acidez já lançada no estômago (os populares antiácidos) e aqueles que inibem a produção de ácido pelas células do estômago ("antiácidos sistêmicos"). Outros remédios de um grupo chamado de pró-cinéticos destinam-se a facilitar o esvaziamento do conteúdo estomacal em direção ao intestino, minimizando a quantidade capaz de refluir para o esôfago.

Uma queixa importante dos pacientes é a recidiva dos sintomas, particularmente da azia, poucos dias após o término dos medicamentos. Nesse momento, surge o questionamento do tratamento por tempo indeterminado ou do tratamento cirúrgico.

Vale dizer que o tratamento clínico combate muito bem os sintomas, mas não modifica a hérnia hiatal e poucas vezes muda o refluxo gastro-esofágico, propriamente dito.

Como se previne?

Na prática clínica há a prevenção da recidiva dos sintomas, que se resume no seguimento das medidas ditas educativas instituídas quando do primeiro tratamento.

Perguntas que você pode fazer ao seu médico

Para que serve o tratamento?

Devo tomar os remédios mesmo quando estiver bem? E se estiver bem há muito tempo?

Se eu parar de tomar os remédios, os sintomas vão voltar?

O que faço quando acabar a receita?

A doença tem cura?

Vou precisar repetir exames? De quanto em quanto tempo?

O que faço se os sintomas piorarem durante o tratamento?

Posso precisar de cirurgia? Se operar vou ficar curado? A doença pode voltar?

Devo mudar algo na minha alimentação ou hábitos de vida por causa dessa doença?

INFECÇÃO URINÁRIA

O que é?

É a infecção bacteriana mais comum no ser humano sendo só ultrapassada pela gripe de origem viral. Trata-se da presença de bactérias na urina. Essas bactérias multiplicam-se com o passar do tempo, enquanto um tratamento adequado não é instituído. As bactérias podem atacar qualquer nível do aparelho urinário, desde a bexiga, causando cistite, até o rim, causando pielonefrite. As infecções urinárias são mais freqüentes na mulher e no homem na terceira idade.

Causas

A urina que é secretada (produzida) nos rins é estéril.

Ela pode se infectar quando bactérias se multiplicam em redor da uretra (colonização) para, logo após, ascenderem (subirem) através desta, penetrando na bexiga (via ascendente). Elas podem se manter na bexiga ou continuar na subida até o rim. Outras vias de entrada de bactérias no aparelho urinário são: sangue e vasos linfáticos.

A colonização de bactérias no trato urinário pode ser facilitada por diversos fatores como, por exemplo:

Obstrução urinária: próstata aumentada, estenose de uretra.
Doenças neurológicas: mielomeningocele, traumatismo de coluna.
Corpo estranho: sonda vesical, cálculo urinário (pedra nos rins).

Doenças bastante conhecidas estão freqüentemente associadas com infecção urinária como o diabetes. Pacientes imunológicamente deprimidos (AIDS, câncer) estão mais propensos a se infectarem.

A bactéria mais comum causadora da infecção urinária, encontrada no intestino grosso, é a Escherichia coli. Já os pacientes hospitalizados (infecção hospitalar) apresentam germes diferentes, como a Pseudomonas aeruginosa, geralmente mais resistentes aos antibióticos.

O que se sente?

Geralmente os sintomas estão relacionados ao órgão (bexiga, rim) afetado. Quando a bexiga (cistite) ou a próstata (prostatite) estão envolvidas é comum:

Aumento da freqüência urinária (polaciúria).
Dor para urinar (disúria).
Micção imperiosa (urgência).
Febre (na prostatite)
Sangue na urina (hematúria)

Quando o rim está envolvido, além dos sintomas acima, poderão ocorrer:

Dor lombar.
Febre.
Calafrios.
Náuseas, vômitos, mau estado geral.

Na infecção urinária, a urina poderá se tornar fétida, opaca ou escura.

Como é feito o diagnóstico?

Através das queixas do paciente e do exame físico pode se suspeitar de infecção urinária. Entretanto, o diagnóstico definitivo é feito com a coleta da urina (jato médio) a fim de se realizar exame de urina (urocultura - cultura de bactérias na urina). Contagem de germes superiores a 100 mil bactérias por mililitro é considerada infecção urinária. Nesse mesmo exame vários antibióticos são testados com a finalidade de orientar o médico na escolha do melhor tratamento.

Faz parte da avaliação do paciente, principalmente em situações mais graves (infecçaõ urinária complicada), o estudo do aparelho urinário como um todo.

Nestes casos, solicita-se ecografia abdominal total, urografia venosa,cintilografias renais, tomografia computadorizada abdominal total,etc.

Como se trata?

O tratamento consiste em medidas gerais (alta ingestão de líquidos, cuidados de higiene) e na escolha precisa de antibióticos, geralmente baseada na urocultura.

Trimetroprim, nitrofurantoína, norfloxacin e cefalosporinas são exemplos de drogas freqüentemente usadas na infecção urinária. A gravidade dos sintomas também influi na escolha da medicação, sendo que em alguns casos há necessidade de internação hospitalar para melhor controle do paciente e para administração venosa de antibióticos.

Como se previne?

Na prevenção é importante uma ingesta significativa de líquidos (2 a 3 litros por dia), urinar antes de dormir e após relações sexuais, evitar banhos de imersão ou duchas verticais. Cuidados de higiene são essenciais.

Entretanto, mesmo com os cuidados acima, muitas vezes a infecção se instala mostrando que fatores ainda não muito bem entendidos estão presentes.

Perguntas que você pode fazer ao seu médico

O que causa essa doença?

Como foi que eu "peguei" essa doença?

Infecção urinária pode causar câncer?

Essa doença é transmissível? É contagiosa?

BULIMIA NERVOSA

Sinônimos:

Bulimia, transtornos alimentares

O que é?

A Bulimia Nervosa é um Transtorno Alimentar que se caracteriza pela ingestão de grandes quantidades de alimentos (episódios de comer compulsivo ou episódios bulímicos), seguidos por métodos compensatórios, tais como vômitos autoinduzidos, uso de laxantes e/ou diuréticos e prática de exercícios extenuantes como forma de evitar o ganho de peso pelo medo exagerado de engordar.

Diferentemente da anorexia nervosa, na bulimia pode não haver perda de peso, e assim médicos e familiares têm dificuldade de detectar o problema. A doença ocorre mais frequentemente em mulheres jovens, embora possa ocorrer, raramente , em homens e mulheres com mais idade.

O que se sente?

Ingestão compulsiva e exagerada de alimentos.
Vômitos autoinduzidos, uso de laxantes e diuréticos para evitar ganho de peso.
Alimentação excessiva, sem aumento proporcional do peso corporal.
Depressão.
Obsessão por exercícios físicos.
Obsessão por exercícios físicos.
Comer em segredo ou escondido dos outros.

Complicações médicas

Inflamação na garganta (inflamação do tecido que reveste o esôfago pelos efeitos do vômito).
Face inchada e dolorida (inflamação nas glândulas salivares).
Cáries e lesão sobre o esmalte dentário. Desidratação.
Desequilíbrio eletrolítico.
Vômitos com sangue.
Dores musculares e câimbras.

Causas

Assim como na anorexia, a bulimia nervosa é uma síndrome multideterminada por uma mescla de fatores biológicos, psicológicos, familiares e culturais. A ênfase cultural na aparência física pode ter um papel importante. Problemas familiares, baixa autoestima e conflitos de identidade também são fatores envolvidos no desencadeamento desses quadros.

Como se desenvolve?

Muitas vezes, leva tempo para se perceber que alguém tem bulimia nervosa. A característica principal é o episódio de comer compulsivo, acompanhado por uma sensação de falta de controle sobre o ato e, às vezes, feito secretamente. Os comportamentos direcionados a controle de peso incluem jejum, vômitos autoinduzidos, uso de laxantes, enemas, diuréticos, e exercícios físicos extenuantes. O diagnóstico de bulimia nervosa requer episódios com uma frequência mínima de duas vezes por semana, por pelo menos três meses. A fobia de engordar é o sentimento motivador de todo o quadro. Esses episódios de comer compulsivo, seguidos de métodos compensatórios, podem permanecer escondidos da família por muito tempo.

A bulimia nervosa acomete adolescentes um pouco mais velhas, em torno dos 17 anos. Pessoas com bulimia têm vergonha de seus sintomas, portanto, evitam comer em público e evitam lugares como praias e piscinas onde precisam mostrar o corpo. À medida que a doença se desenvolvolve, essas pessoas só se interessam por assuntos relacionados à comida, peso e forma corporal.

Como se trata?

A abordagem multidisciplinar é a mais adequada no tratamento da bulimia nervosa, e inclui psicoterapia individual ou em grupo, farmacoterapia e abordagem nutricional em nível ambulatorial.

As técnicas cognitivo-comportamentais têm se mostrado eficazes.

As medicações antidepressivas também têm se mostrado eficazes no controle dos episódios bulímicos.

A abordagem nutricional visa estabelecer um hábito alimentar mais saudável, eliminando o ciclo "compulsão alimentar/purgação/jejum".

A orientação e/ou terapia familiar faz-se necessária uma vez que a família desempenha um papel muito importante na recuperação do paciente.

Como se previne?

Uma diminuição na ênfase da aparência física, tanto no aspecto cultural como familiar, pode eventualmente reduzir a incidência desses quadros. É importante fornecer informações a respeito dos riscos de regimes rigorosos para obtenção de uma silhueta "ideal", já que eles desempenham um papel fundamental no desencadeamento dos transtornos alimentares.

Colaboradoras
Dra. Alice Sibile Koch
Dra. Dayane Diomário da Rosa

Ferro faz bem para o cérebro das crianças

Complementos

Quando o mineral está em baixa no organismo, o cérebro da garotada não se desenvolve como deveria. Daí, aprender o bê-á-bá fica mesmo muito mais difícil

por Paula Desgualdo
design Darlene Cossentino
foto Alex Silva

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Reconhecer cores, contar uma história com começo, meio e fim, compreender o que os outros falam, deduzir ordens de grandeza — tudo isso faz parte do desenvolvimento nervoso de uma criança. E o sucesso dessas tarefas, que equivocadamente parecem tão simples aos olhos de um adulto, tem tudo a ver com aquilo que os pequenos comem. “Sem uma alimentação adequada, capaz de garantir o aporte de nutrientes como ferro, o foco e a concentração ficam comprometidos. Daí é mais difícil armazenar novas memórias”, explica a pesquisadora em desenvolvimento humano Elvira Souza Lima, consultora internacional em neurociência e educação de várias instituições de renome.

Um estudo que acaba de ser publicado na Revista Paulista de Pediatria mostra que meninos e meninas com anemia por falta de ferro apresentam problemas de desempenho cognitivo — principalmente na área da linguagem. Ou seja, fica atrás no aprendizado quem está com baixos níveis de hemoglobina — a proteína dos glóbulos vermelhos do sangue que é feita do mineral e que transporta oxigênio. “Analisamos crianças com idade entre 2 e 6 anos”, conta a autora, Juliana Nunes, professora de fonoaudiologia do centro de ensino Fead, em Belo Horizonte. “Nessa fase, a anemia pode provocar graves danos ao cérebro”, acrescenta.

Segundo o Ministério da Saúde, uma em cada cinco crianças brasileiras de todas as classes sociais sofre da doença. Alguns especialistas acham que esse número seja até três vezes maior. “Em geral, o problema é provocado pela falta de ferro no prato”, afirma a pediatra Fernanda Ceragioli Oliveira, da Sociedade de Pediatria de São Paulo. Esse mineral não só entra na receita da hemoglobina como participa da produção de enzimas que ajudam a manter as células cerebrais, os neurônios, sempre ligadas. Sem contar que é importantíssimo para as defesas do corpo.

A atenção deve começar no nascimento. Bebês prematuros requerem sempre um cuidado especial. “Isso porque a estocagem de ferro é feita nos três últimos meses de gestação”, justifica Naylor Oliveira, pediatra e nutrólogo da Sociedade Brasileira de Pediatria. Mas até mesmo crianças aparentemente saudáveis, rechonchudas e coradas podem ser acometidas pelo problema mais tarde. Por isso, não dá para relaxar com a alimentação, confiando apenas nas aparências, nem deixar de seguir as orientações do médico. Para não faltar ferro, é essencial que a dieta infantil inclua carne. Só ela fornece um tipo do mineral, o heme, que é mais bem aproveitado pelo organismo. No caso, as mais ricas são a de boi, de frango e de peixe, nessa ordem. Feijão e outros grãos, além de verduras como couve e rúcula, também carregam o nutriente, mas, para ele ser bem absorvido, necessita do empurrão de fontes de vitamina C, como o suco de laranja. “A verdade é que a criança precisa de um cardápio variado”, lembra Fernanda. Então, combinamos assim: aposente as guloseimas e invista em frutas, verduras, legumes, cereais e, claro, carne. O cérebro do seu filho agradece. E ele, com a desenvoltura de quem se dá bem no território da linguagem, também saberá como agradecer.